terça-feira, 19 de maio de 2009

Redoma de vidro




O que acharia, pois se no momento em põe-se a falar seu mundo desabasse?
Se não houvesse mais os muros de mentira para apoiar-se?
Se tudo o que pensa e o que faz, apenas fossem sonhos?
Não existem paredes fortes o suficiente para segurar uma grande avalanche. Ouvem-se ecos do mais profundo abismo, e quem dele se aproxima, só sai louco.
Amarguras e fantasias vagas se misturam em meio ao sentimento de profunda solidão.
Olho em volta e nada vejo, só representações de coisas e pessoas que fazem parte de um mundo de faz-de-conta. Mundo a que ainda estou presa. O mesmo que só há parte de dentro. Um mundo de fácil acesso, mas de difícil compreensão.
Cenas mórbidas e fúteis confundem-se em meio as memórias de tempos remotos e de aparente alegria, mas que carregam o mais puro rancor.
Se tudo o que vemos e sentimos fizesse parte daquilo que é real, o mundo da mentira acabaria.
Frutos da distância e da ausência de compreensão, nos levam a trilhar o pior dos caminhos: o das flores.
Quem vive de sonhos?
Se pudesse fugir, já não ouviria mais falar de mim;
Se pudesse criar meu perfeito estado mental e emocional...seria feliz!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Inconstância


Por fim o dia acaba , e eu , mais uma vez, estou aqui, presa dentro de mim mesma.
Quero chorar , mas minhas lágrimas a muito secaram.
Quero gritar, mas minha voz já não sai.
O que me resta é permanecer inerte perante a velha e sombria janela.
Através dela, vejo a leve chuva que aos poucos molha a relva. Ao longe apenas avisto os pequenos pontos de luz que daqui a pouco se apagarão.
Minha mãos tremulas , meus pés gelados e meu corpo sem forças revelam o que sinto. Simplesmente cansei de fingir, cansei de usar a maquiagem que esconde quem realmente sou. Jogo tudo fora, mas ainda falta livrar-se de mim.
Quem pode entender?
Aqueles que se camuflam por detrás de seus problemas, escondem a face desfigurada pelo sofrimento.
Faço dos retalhos que sobraram a continuação, e o amanhã; quem sabe!
Escrevo hoje, apenas, pois talvez me faltem forças para tornar a fazê-lo.
Sem ter com quem falar, acabo por proferir palavras ao desgastado espelho, o mesmo por onde vejo meu rosto desvanecer cada vez mais rápido.
Agora desisto, porém, o faço com a consciência de que um dia tentei, embora o fracasso tenha sido inevitável.
Jamais superarei meus traumas, Jamais superarei meus sonhos, jamais superarei meu cansaço, e jamais superarei a mim mesma.
A cama em que durmo é repleta de espinhos, os quais me atormentam com suas vozes baixas e que só eu posso ouvir e sentir.
Aos poucos o sono vem, entretanto, não o espero mais. Sentada, continuo a transpor para o papel todas as minhas mágoas.
Tudo está longe agora, e apenas a solidão me agrada. Sinto-me feliz por sofrer, e não me importo em agonizar. O tempo que tive para me acostumar a tudo isso, me rendeu um impenetrável escudo, em que sempre me apoio, embora continue caindo.
Levando, mas já não sinto que precise, pois o chão gelado acaba por ser minha única e fiel companhia.
Não fala, não respira e não vê...
...apenas ouve minhas sinceras palavras.