sábado, 17 de abril de 2010

Fim e início


"O vento me trouxe seu perfume, e os dias infindáveis o levaram de volta.
Caminhei e vi além do drama de Shakespeare, da tragédia de Capote ou da melancolia de Anne Frank."

Provavelmente fosse inverno; primavera quem sabe; até mesmo poderia ter sido verão; outono...talvez...a memória falha nestes momentos.
Foi com olhos ardentes que avistei a paisagem campestre, entrecortada por montanhas que pareciam tocar o céu. A certeza da realidade não existe, mas sei que lá estive.
Senti o aroma das folhas molhadas e do barro envolto nas gotículas de água que provinha da chuva mais animada. Ainda era concebível a ideia de paz.
As doces e delicadas flores transformavam-se em bonecas, buquês, tiaras e o que mais mandasse a criatividade. As pequenas pedras machucavam-me os pés, no entanto, sair dali era errado. Fitei as nuvens mudando de tom e formando um quadro. Nem mesmo o frio que repousava em minha face era capaz de fazer com que meu corpo, inerte, demonstrasse movimento. O ar era puro, aprazível, afável, sereno...Tão longínquo, tão perto...
Assim observei, calmamente, o lugar que nunca conheceria.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Futilidades em alto grau

Resumi minha existência em uma palavra: frustração.
Chorei xingamentos ao vento. Joguei fora a rotina e não cheguei a lugar algum. Parei no tempo, naquele exato momento...novamente sofri!
Colhi os espinhos que plantei, pisei nos vidros que quebrei, cortei minha garganta com as frases
que proferi.
Amaldiçoei fatos, me arrependi e voltei a cometer erros. Recostei nas paredes mofadas; senti o gosto do fracasso. Fiz poesias contando a escuridão. Falei com o espelho...ele me sorriu cinicamente e permaneceu em silêncio.
Vi o orvalho nascer e morrer dentre as folhas do jardim de cinzas. Lamentei a figura que desvaneceu e a lembrança que quase já não existe.
Arrebentei algemas, mas tornei a usá-las. Obscureci as ideias, dei razão as mentiras...simplesmente me perdi.
Rasguei cartas com o intuito de escrever outras, apaguei meu diário, matei minha esperança. Desisti e voltei a tentar.
Porém o azul do quadro perfeito continua vivo. Olho para ele e esqueço dos rabiscos à minha volta. Me conforta, renova minhas escolhas, me proporciona uma nova oportunidade.

"Você sabe pelo que vale a pena lutar, quando não vale a pena morrer? "