sexta-feira, 27 de março de 2009

Nostalgia

O clima lúgubre que se seguia podia ser percebido nos corredores e em cada objeto ali presente. O frio já era parte integrada do ambiente e no alto da grande escadaria, não havia espaço para nenhum tipo de calor. As vozes ecoavam como altos sonetos sem importância alguma e aos poucos, com o tocar dos sinos, iam silenciando, até nada mais restar. Por fim respirava-se a paz.
O chão era gelado e por detrás das portas de madeira talhada, nada se ouvia, apenas impressões, que às vezes se tornavam apavorantes.
Sentado, observando tudo, permanecia ali: imutável, estático e sem ânimo de levantar-se. Esporadicamente passos pesados partiam de um lado do corredor para o outro, mas sem permanecer por muito tempo.
As janelas todas sem vida, se tornavam parte daquilo que um dia fora um esplendor. Nenhuma planta, nenhuma vida. Nada era tão bom quanto o silêncio mórbido que perdurava por demasiado tempo que marcava em sua mente.
Os pingos de chuva que caiam, tornavam tudo mais remoto, e durante longo período, os pensamentos eram seu companheiro, amigo, confidente e acima de tudo, sua morte.
Hipocrisia, mentiras, falsas promessas e coisas ultrajantes, se distanciavam cada vez mais ao passo que se isolava em seu refúgio sombrio. Ao som estridente do aviso final, tudo desmoronava. O que era verdade se tornava a mais elaborada mentira, o que era bom transformava-se em horror e o que era eterno acabava.

Um comentário:

Jabuti disse...

Caara, eu adoro seus textos, esse em especial, pois foi o 1º que eu lí. Parabéns Lú, continue sempre assim!