terça-feira, 23 de março de 2010

Simplesmente sentei e escrevi...

O jeito como o vento soprou a água, formando pequenas ondas; como o céu pareceu ter tocado as copas das árvores, ou como as folhas cairam secas ao chão, formando um tapete mórbido; me fez voltar no tempo. Senti saudade ao passar pelo mesmo beco escuro. O medo havia sumido no vazio. Fitei a folha e a caneta, enquanto tinha a impressão de me mover junto com a terra. Por um instante, senti enjoo disso, mas ergui minha cabeça e tudo desapareceu. Queria ser como as flores brancas e delicadas à beira do rio. Elas somente observavam, sem ninguém tocá-las. As coisas pareciam ter ficado mais rápidas, entretanto, o fim do dia não fez questão de vir. Poderia adormecer ali, sem receio, pois todos tem um lugar especial. Somente consiguia ouvir uma música; as outras quis esquecer.
Pensei em sentar no velho e desgastado banco, porém, fiquei cansada da norma existencialista. relutei em ser comum. Me deixei levar pelo ritmo sereno da natureza. Senti a leveza e a felicidade, embora as circunstâncias não permitissem.
Se pudesse, mergulharia até as profundezas mais remotas. Permaneceria no silêncio eterno. Iria de encontro com a voz que me acalmava.
Imaginando a cena perfeita, o dia mais belo e a história mais alegre, viajei lentamente enquanto a brisa encontrava minha face.
recostei o corpo cansado, sem aceitar a verdade e nem ao menos compreendê-la. Longe das sombras, via apenas pó. A vida pareceu longínqua. O semblante que me perseguia, parecia ter desaparecido. Apenas guardei em mim sua memória, suas palavras, seus gestos e suas lágrimas.

"Tentando buscar a si mesmo, o que resta são dúvidas infindáveis. O ponto final não existe, somente um oceano de vírgulas e novas páginas a serem escritas, para depois o fogo que tudo consome reduzi-las a nada".

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