domingo, 14 de março de 2010

Último conto antes de dormir

Suas palavras vieram sórdidas até mim. As mentiras ainda eram as mesmas, mas sua expressão havia mudado. Passou de sombria a triste. Notei até mesmo seus dedos entrelaçados; deixava aparentar preocupação; tremia sem causa viável. Eu seria capaz de rir perante ele se a vontade de ser cruel tivesse ganho a batalha que houve em minha mente. Antes que pudesse ter a chance de me impor, começaram a ser jogadas palavras sobre mim:
- Por quê fica parada sem proferir nada? - exclamou em tom de cobrança.
- Estou olhando para você, tentando imaginar... - redargui com seriedade.
- Imaginar o quê? - indagou surpreso.
- ... imaginar quando irá me dizer algo em que eu possa crer.
- Mas não minto; confie em mim!
- Não posso, não quero, não vou!
Naquele momento seus lábios se fecharam e o chão era observado como se fosse um retrato. Com certeza pensava em outro golpe, uma nova maneira de me persuadir. Senti sua intenção vil, encontrei seus olhos vagando e apenas aguardei sua voz preencher o ambiente:
- Pensa ser mais esperta, não é?! - disse com ironia.
- Não sou! - usei o mesmo tom de sarcasmo barato.
- Pois saiba que não sairá bem dessa; vai sofrer, garanto!
Embora o clima fosse ameaçador, o medo era circunstancial. Senti vontade de chorar, mas engoli as lágrimas, não querendo deixar evidente minha dor. Depois de alguns segundos, aquela cena havia se tornado deprimente; até que por fim, decidiu levantar-se. Procurou não encontrar minha silhueta, porém, de súbito, me puxou violentamente e disse:
- Não preciso de você!
Parei de respirar, apenas fitei seu rosto ainda rubro de raiva. Num suspiro afável tentei replicar:
- Sei que sou dispensável, pode me soltar agora.
Enquando pedia para que sua mão pesada fosse mantida longe de mim, ele apertava meu braço com mais força, até conseguir dizer algo:
- Não, não solto! Você é perversa, uma verdadeira serpente! - lançou-se dessa frase com voz firme, como se a razão estivesse a seu lado.
- Está me machucando ... novamente... - expliquei enquanto baixava minha cabeça em um ato de humildade e mágoa.
Imediatamente ele se afastou; não quis aceitar minhas declarações, embora elas fizessem ecos em seus ouvidos. Suas feições se tornaram leves, compenetradas; fechou-se em quietude.
Permaneci ali, estática, buscando compreender a magnitude do caso. Nossos olhos fingiam não se conhecer. Lastimei por ele, mas sem me arrepender do que dissera. Imaginei mil pedidos de desculpas depois daquilo, mas nada foi dito. Já estava em êxtase com o momento, quando o vento soprou forte e bateu com a mesma intensidade na janela, deixando-a aberta. Me assustei, saí do transe e fui fechá-la. Levei poucos minutos, e quando voltei, ele não estava mais lá. Sabia que havia partido para sempre. Ainda em choque, sentei no sofá, juntei meu corpo como se o frio fosse aterrador e ali fiquei...

Um comentário:

.† ǺŁ€รรǺиÐяǺ †. disse...

Mimi!!!
q isso...pronde foi o drama?
termina?
que paia!
uahsuahsuahsuahu
brinks'
bom bom...
Fikei rosa chiclete!!!
Gostei.